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David Mendes

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David Mendes

Degelo da Antártida se aproxima de nível crítico, diz estudo

20-03-2009 17:38
 

Grande parte da camada de gelo da Antártida Ocidental pode se perder caso haja um aumento mesmo que ligeiro nas concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera e as temperaturas dos oceanos continuem subindo, segundo um estudo divulgado pela revista Nature.

Um outro estudo relacionado disse que, caso a capa de gelo da Antártida Ocidental acabe, e o gelo da Antártida Oriental continue derretendo em seu litoral, o nível global dos mares pode subir até 7 metros em relação aos níveis atuais. A Antártida acumula cerca de 90% da água doce do mundo.

Ambos os estudos, publicados na revista Nature, são resultado de prolongadas prospecções no leito marinho sob a Plataforma de Gelo Ross, feitas por uma equipe de cientistas neozelandeses, italianos, norte-americanos e alemães.

A camada de gelo flutuante não elevará o nível do mar caso derreta, porque já está deslocando água. A verdadeira ameaça ocorre quando a plataforma de gelo que está atrás, e abaixo do nível do mar, seja exposta ao oceano.

As mais de 50 amostras do gelo, retiradas de até 1.200 metros de profundidade, permitiram aos cientistas estudar como períodos anteriores de aumento do dióxido de carbono afetaram as temperaturas dos oceanos, os movimentos do gelo e os níveis dos mares.

Uma das descobertas foi a de que a capa de gelo da região da baía de Ross, na Antártida Ocidental, some e se renova a cada 40 mil anos. Foram 38 incidentes nos últimos 5 milhões de anos.

"A maior parte dela fica abaixo do nível do mar e é muito vulnerável ao aumento das temperaturas oceânicas e atmosféricas", disse Tim Naish, diretor do Centro de Pesquisas Antárticas da Universidade Victoria, em Wellington, na Nova Zelândia.

As amostras colhidas no leito marinho revelaram também que mudanças na inclinação do eixo da Terra, deixando as regiões polares ora mais próximas do Sol, ora mais distantes, tiveram um importante papel no aquecimento dos oceanos e nos ciclos de expansão e recuo da camada de gelo da Antártida Ocidental, entre 3 e 5 milhões de anos atrás, segundo os cientistas.

Há cerca de 4 milhões de anos, o aumento do dióxido de carbono atmosférico, que atingiu cerca de 400 partes por milhão, reforçou o aquecimento resultante dos ciclos da inclinação terrestre, de acordo com os pesquisadores.

De acordo com Naish, a concentração de dióxido de carbono passou de 280 partes por milhão no começo da Revolução Industrial para 387 partes por milhão.

"A concentração de dióxido de carbono na atmosfera está novamente se aproximando de 400 partes por milhão", disse ele.

Placa de gelo - O estudo também mostrou que a gigantesca placa de gelo da parte oeste da Antártida (WAIS, em inglês) desabará caso a temperatura do oceano aumente em 5 graus Celsius. Os modelos de informática utilizados para fazer o cálculo comprovaram que um colapso destas características teria consequências "catastróficas" sem precedentes em uma escala de tempo geológica curta, ou seja, de milhões de anos.

Os professores David Pollard, da Pennsylvania State University, e Robert DeConto, da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, disseram que a WAIS já está em uma situação muito instável e que qualquer mudança de temperatura, por menor que seja, pode causar "uma rápida desintegração e, inclusive, seu colapso".

Pollard e DeConto reconheceram, no entanto, suas limitações para prever qualquer ruptura parcial ou total da placa, ao não conhecer a fundo as variações experimentadas no passado e os mecanismos subjacentes que levaram a desmoronamentos anteriores.

Para a comparação da situação atual com episódios prévios que ocorreram ao longo da história do planeta, os cientistas se basearam nos dados fornecidos pelo estudo dos isótopos procedentes dos sedimentos do núcleo da placa a grande profundidade.

Esses detritos indicam que o último colapso aconteceu em algum momento do Plioceno (entre 3 e 5 milhões de anos), uma era de temperaturas quentes.

Os cientistas elaboraram um modelo de informática que simulava, a partir da experiência conhecida do Plioceno, as variações da placa de gelo em um período de 5 milhões de anos.

O resultado foi que a WAIS evoluiu de estar plenamente assentada a uma situação próxima a seu desaparecimento total no equivalente a cerca de poucos milhares de anos.

Em um estudo paralelo publicado pela "Nature", Tim Naish, um especialista em geleiras da Victoria University de Wellington, Nova Zelândia, afirma que há evidências de que a WAIS se derrubou de forma periódica durante o Plioceno.

Ele lembra ainda que, nessa era, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera eram similares aos atuais.

(Fonte: Estadão Online)
19/03/09